A LENDA DO VAQUEIRO FANTASMA

Cléber Eduão é poeta e compositor. Gravou 05 CDs e par􀆟cipou de
várias coletâneas. Publicou “Das Estações do Poeta”, “Território Velho
Chico em Versos” e “Do Ontem Até Então”. Fez parte da Coletânea do
Balaio e organizou a Antologia Poética dos Cordelistas do Velho Chico.
Recentemente publicou o livro “A Facebook do Poema” e fez parte das
Coletâneas «Cordelistas Contemporâneos» e “Além do Cordel”,
organizadas pelo poeta Zeca Pereira. Cléber Eduão nasceu em São
Gabriel e reside em Ibotirama desde 2005. clebereduao@gmail.com

  

A LENDA DO VAQUEIRO FANTASMA 



O país tem suas lendas
Estórias de assombração:
Cuca, mula-sem-cabeça
Tem até bicho-papão
Curupira e lobisomem
Mulher-onça e bicho-homem
Nas quebradas do sertão.

Um ilustre nordestino
De sobronome Cascudo
Pesquisador incansável
Professor de conteúdo
Relatou que um majestoso
Vaqueiro misterioso
Morreu num galho pontudo.

A lenda que vou contar
Ouço desde pequenino
A estória de um vaqueiro
Que fez o próprio destino
Enfrentou as malquerênças
Perseguições, desavenças
Qual guerreiro paladino.

O nome dele era Pedro
Também chamado Valente
Desbravador das caatingas
Boiadeiro experiente
Morava numa palhoça
Em seu pedaço de roça
Plantava a sua semente.

Aquele pequeno roçado
Foi seu avô quem comprou
De um antigo latifúndio
Que por ali se instalou
Era um lugar de currais
Dos tempos coloniais
Quando tudo começou.

Pedro mantinha o ofício
De tradição de família
Lavrava a terra com fé
Com a ajuda de Cecília
No aboio do seu gado
Com o seu cavalo alado
Mantinha sempre a vigília.

Abla Cecília, guerreira
Descendente de quilombos
Boniteza sertaneja
Mãos de cortes e calombos
Encantou Pedro Valente
Que logo se viu contente
O coração fez ribombos.

O coração de Valente
Pertencia ao seu amor
O seu amor era Abla
A caatinga e o labor
Espantava onça pintada
Pra proteger a morada
Não temia matador.

De manhazinha, o vaqueiro
Abraçava o sol vindouro
De perneiras e embornal
E um jaleco de couro
De espingarda e gibão
O aboio era a canção
O chapéu, o seu tesouro.

Bebia um cafezinho
Dava um cheiro na mulher
Ajeitava as esporas
Pegava prato e colher
Depois fazia a mistura
De farinha e rapadura
- Seja o que Deus quiser.



O final deste e outros cordéis você encontra na Coletânea O BAÚ DO MEDO.

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