SEXTA-FEIRA SANTA

Francisco Mendes         
Nascido em 10 de julho de 1969, no rio Mendaruçu de Cima – Cametá – PA. 
Um homem das águas, das chuvas, um ribeirinho que há tempo mergulhou no fascinante mundo da poesia e calafetou a lacuna de sua nau, com livros de poetas diversos, com músicas de qualidade, bons amigos e claro, mesa de bar. Um homem que traz na alma o excesso de timidez e que faz do silêncio sua voz mais alta e da solidão seu castelo. Descobriu na Literatura de Cordel, através de Patativa do Assaré uma forma prazerosa de contar a sua história, a história de sua gente e suas cidades. Asimm estudo e escreve esse gênero. Com três livros de poesias lançados, participações em antologias e diversos folhetos de cordéis. 
Contatos 
Zap - 91 982271619 
francisco.mendes46@yahoo.com.br


 SEXTA-FEIRA SANTA

Este caso se passou
Com quatro colegas meu
Um deles que me contou
Como tudo aconteceu
E mostrando lealdade
Ele jura ser verdade
Pela mãe que o concebeu .

Era sexta-feira santa
Lá no meu interior.
Foi logo depois da janta
Deu este conto de horror
Na lembrança permanece
Nenhum segundo se esquece,
Provocando grande dor.

Vou falar do interior
Sendo bem rapidamente
Só vai de barco a motor,
Do Tocantins afluente
É de rio e mato fechado
Sem a luz fica isolado
Do resto do continente.

A casa é um estirão
Com uma ponte comprida
Porta,  janelas, saguão
Com dois quarto de dormida
Cozinha e grande jirau
Sendo toda feita a pau
De madeira bem polida

Tendo compadre Jeová,
Zaire Filho mais Chicão,
Dona Gracinha a Sinhá,
Débora foi salvação,
Desse conto personagem
Onde não faltou coragem
Quem viu a situação.

O Zaire Filho inventou
De comprar café e pão
E Gracinha o reprovou
—É sexta-feira, vá não!
Pois barulho não se faz
Fique em casa meu rapaz
Evite sua assombração.

Mas ele foi mesmo assim
Já no seu casco a remar
E ainda achou ruim                 
Da Gracinha reclamar
Saiu logo assobiando
Bem calmamente remando
Sem com nada preocupar.

Mas o tempo foi passando
E Zaire não retornava
Ele estava demorando,
Gracinha desconfiava.
— Já está na bebedeira
Deve tá com a rameira,
Isso tanto a preocupava.

—  Pois ele que se prepare,
O dele já tá guardado
E compadre não repare
Que o caso é complicado
Vamos é nos recolher
Mas só desejo saber
A hora de seu chegado.



O final deste e outros cordéis você encontra na Coletânea O BAÚ DO MEDO.

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