JARDIM DAS ALMAS

BIOGRAFIAS:


Douglas Miranda Sodré (Douglas Sodré) nasceu em 31 de julho1999, em Barreiras-Ba onde reside atualmente com os pais:Selcina Eunilia de Miranda e Valdivino Acrim Sodré, o qual também é cordelista.
Este é o cordel de estreia em sua carreiras cordelística. . 

Zeca Pereira (José Pereira dos Anjos), filho de Cezário Pereira dos Anjos e Domingas Maria dos Anjos, nasceu em 12 de maio de1977, no povoado Ilha do Vítor, município de São Desidério-BA. Na década de 1980, migrou para Barreiras- Ba, onde reside até hoje.
Em 1993, iniciou sua vida de folheteiro com uma lona pelo chão nas feiras livres, aos sábados, em Barreiras e, aos domingos, em São Desidério.
Em 2002, editou o seu primeiro cordel intitulado: Os lamentos de um ancião no asilo. Apesar de alguns erros de métrica, aos poucos, foi aprendendo a desenvolver melhor os versos e hoje ministra palestras e oficinas de cordel.
No ano de 2011, fez uma parceria com o poeta Flaviano Medeiros e juntos estiveram vendendo cordéis em cerca de 200 municípios nos estados: Bahia, Goiás, Minas Gerais, Tocantins, Sergipe, Piauí, Maranhão, Ceará e Pernambuco. Em 2016, parou com as viagens para dedicar-se aos estudos e, neste mesmo período, fundou a Nordestina Editora, que vem editando cordelistas de todo o país.
Zeca Pereira, em 2017, idealizou e organizou o livro: CORDELISTAS CONTEMPORÂNEOS (COLETÂNEA 2017), reunindo mais de 50 cordelistas das cinco regiões do Brasil, o livro foi uma obra custeada pelos próprios autores e editado com os selos da NORDESTINA EDITORA e EDITORA VELOSO.
O poeta é membro da Academia Barreirense de Letras (ABL), tendo como patrono o cordelista Antônio Teodoro dos Santos (O poeta Garimpeiro). Zeca mantém, atualmente, um programa na rádio comunitária Nova FM (ZECA PEREIRA NA NOVA FM), em Barreiras. O programa é voltado para as músicas dos repentistas, aboiadores e emboladores, indo ao ar todos os sábados, das 18h às 20h.


JARDIM DAS ALMAS 

Nestes versos convidamos
O nosso caro leitor
Para seguirmos viagem
Nas asas dum beija-flor                                                        
Até o Jardim das Almas,
Cenário de grande horror.

Antes faremos parada
Numa simples moradia,
Pra apresentar Maristela,
Jovem cheia de alegria,
Vivendo com o seu pai
No interior da Bahia.

Ela tinha só sete anos
Quando a sua mãe morreu,
O coração da criança
Durante anos padeceu,
Sentindo a imensa falta
De quem tanto amor lhe deu.

E com oito anos passados
O seu pai não se casou.
Vivendo neste ambiente,
Na lembrança que restou
Duma mulher muito linda,
A qual bastante amou.    

Maristela, adolescente,
Em seu lar sempre ajudava.
Nos afazeres domésticos,
Até mesmo cozinhava.
No período matutino
Em bom colégio estudava.

Nesta pequena cidade
Habitava um ancião,
Gozando boa saúde,
Com toda dedicação
Aos cuidados dum jardim,
Próximo à sua habitação.

O terreno era baldio
Até ele fazer o jardim,
Lindo e muito bem cuidado,
Quem via dizia assim:
— Ah! Se eu pudesse faria
Um igualzinho pra mim.

O prefeito lhe entregou
A escritura do terreno,
Dizendo: — A terra é sua,
Este favor é pequeno
Diante desta grandeza,
Senhor Antônio Galeno.

Antônio agradeceu
Por aquele bom presente
E prometeu ao prefeito
Aumentar dali pra frente
A extensão do seu jardim
Pra ficar mais atraente.

Certa vez a Maristela
Resolveu ir visitar
Aquele belo jardim
De que tanto ouviu falar
Pra colher algumas rosas
Seguiu sozinha ao lugar.

Quando a jovem lá chegou,
Ela ficou encantada;
Avistou tanta beleza
Como num conto de fada:
Flores de várias espécies,
Cada qual mais perfumada.

Havia diversas arvores
Sombreando as roseiras,
Nos galhos os passarinhos
Cantavam horas inteiras,
Era um coro magnífico
Daquelas aves campeiras.

Por entre a paisagem viu
O Antônio trabalhando,
Regando as mais belas flores,
Então foi se aproximando,
E, bastante curiosa,
Desta forma perguntando:

— O senhor quem construiu
Toda a esta maravilha?
Na hora ele se virou
E, olhando para a trilha
Em que ela se encontrava,
Disse assim: — É claro, filha!   


Esta é a primeira vez
Que tu andas por aqui?
Ela lhe respondeu: — Sim!
Somente hoje resolvi
Visitar este jardim,
O mais belo que já vi.     

 Após aquela conversa
Saiu ela a caminhar
Observando o jardim,
Sempre a admirar
As inúmeras espécies
Plantadas nesse lugar.

De repente, Maristela
Ouviu sorrisos de alguém
Ela perguntou quem era
Não apareceu ninguém
Quando viu duas crianças
Como que vindas do além.

Depressa lhes perguntou:
— Qual o nome de vocês?
Por elas não responderem,
Esta pergunta refez.
Nisso, por entre as flores,
Sumiram-se de uma vez.

De repente escuta vozes:
— Nos procure no jardim!
Venha brincar com a gente,
Esconde- esconde é assim.
A garota procurou,
Mas não viu nada enfim.


Sem encontrar as meninas,
Foi embora pesarosa,
Conduzindo em suas mãos
Pequena muda de rosa,
Que ela considerou
A mais bonita e cheirosa.

Dias depois retornou
Fazendo novo passeio,
Quando avistou as meninas
Lá brincando, e sem receio
Uma falou pra Maristela:
— Mas que bom, que você veio!


Maristela neste instante
Agradecendo sorriu
Quando as meninas correm
Ela depressa as seguiu
Porém foi da mesma forma
Procurou e não mais viu.


Nisso o jardineiro chega
E vai logo perguntando:
— Perdeste algo por aí,
E não está encontrando?
Eu posso até ajudar
Caso esteja precisando.

— Estou procurando aqui
Minhas belas amiguinhas
Brincamos de esconde-esconde
— São as duas garotinhas?
— Sim, elas estão escondidas
Onde nem tu adivinhas.


Ajude-me a encontrá-las
E pode brincar também!
Ele disse: — Ô querida,
Aí não vejo ninguém!
Você tem mesmo certeza
De estar se sentindo bem?

Falou ela: — Mas é claro!
Acabei de vê-la aqui.
O velho disse: — Não anda
Crianças só por aí!
— Vamos logo procurar
Esconderam por ali.

O final deste e outros cordéis você encontra na Coletânea O BAÚ DO MEDO.

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